por Bruno
Você sabia que há 100 anos havia mais carros elétricos nas ruas que carros a combustão?
Os primeiros carros elétricos surgiram na década de 1830, antes mesmo da invenção do motor a combustão, e formavam a maioria dos automóveis em circulação até o final do século XIX. Porém, o petróleo barato e a produção em massa iniciada pelo advento da linha de produção, criada por Henry Ford para o Modelo T no início do século XX, praticamente colocaram fim à carreira do veículo elétrico.
Em 1996, o EV1, da GM, foi o primeiro carro elétrico a ser produzido em massa, impulsionado por uma lei do estado da Califórnia que obrigava as montadoras a produzirem veículos de emissão zero, caso quisessem continuar vendendo seus veículos a combustão dentro do estado.
Na cola da GM, várias marcas tentaram emplacar a tecnologia movida a eletricidade nas ruas: Honda EV Plus e Ford Th!nk são exemplos dessa tendência dos anos 1990. Alguns desses modelos eram carros comuns, movidos a combustão, que foram adaptados para a propulsão elétrica, como o Toyota RAV 4 EV.
[caption id="attachment_512" align="aligncenter" width="300"] Ford Th!nk[/caption]A eficiência em consumo de energia, o torque, as altas rotações e o nível de emissões são imbatíveis nos veículos elétricos quando comparados a seus irmão movidos a combustíveis fósseis. A imagem de veículo frágil e de pouca autonomia sempre associada aos carros elétricos nunca passou de ilusão: a quantidade menor de peças de um motor elétrico torna sua manutenção mais baratada e a média diária de quilômetros rodados por motoristas comuns é facilmente contemplada pela autonomia dos elétricos.
No entanto, nada disso foi suficiente para a manutenção desses carros no mercado. A força da própria indústria automobilística e da indústria ligada ao petróleo se contrapôs veementemente ao avanço tecnológico em nome do lucro já instituído pela cadeia automotiva vigente.
Hoje, há empresas dedicadas à construção de carros elétricos, como a Tesla, e algumas grandes montadoras vendem carros híbridos, como a Toyota, com o Prius, o Lexus CT 200h e os BMWs i3 e i8. A própria GM vende hoje no mercado mundial o híbrido Volt.
[caption id="attachment_511" align="aligncenter" width="300"] Toyota Prius, o híbrido mais vendido no mundo.[/caption]No Brasil, há cerca de 3 mil veículos elétricos em circulação. Um incentivo recente reduziu o preço dos elétricos e híbridos, aliviando a alíquota de importação de 35% para de 0 a 7%. Entretanto os veículos ainda são muito caros e seus preços girando na casa dos 100.000 reais.
Os EV1, em 1996, eram vendidos sob o sistema de leasing com preços muito mais baixos, variando entre 250 e 500 dólares mensais. A ironia é que esse mesmo sistema de leasing permitiu que a GM retomasse a propriedade dos carros e destruísse todos os que pudesse em 2003. Será que a montadora já previa isso? Permanece o mistério. O que se sabe é que ficamos apenas com o retrocesso e o gostinho amargo de saber que nossos carros já foram muito mais avançados...
[caption id="attachment_513" align="aligncenter" width="300"] Pilhas de EV1 destruídos pela GM na Califórnia.[/caption] Você pode conhecer a história detalhada do EV1 no famoso documentário Quem matou o carro elétrico, com participações de Tom Hanks e Mel Gibson.